sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Cristãos precisam do Líbano; e o Líbano precisa dos cristãos (GUGA)

O deslocamento do USS Cole para as águas do Líbano são uma mostra clara de que os Estados Unidos querem pressionar a Síria a parar de bloquear a eleição presidencial libanesa, que vem sendo adiada desde novembro. Basicamente, os americanos apóiam a coalizão governista, do premiê Fuad Siniora, que tem um viés anti-Síria e é composta majoritariamente por sunitas, a maioria dos druzos, e parte dos cristãos. Já a oposição, considerada pró-Síria, tem o apoio dos xiitas - representados pelo Hezbollah e Amal, pelos cristãos seguidores do líder populista Michel Aoun e por alguns sunitas e druzos pró-Síria.

Por enquanto, todos concordam que o presidente deve ser o chefe das Forças Armadas, Michel Suleiman. Mas há enormes diferenças sobre como seria composto o Ministério no novo governo - a oposição quer poder de veto.

Independentemente do que ocorrer, uma coisa muito grave vem ocorrendo no Líbano: os cristãos vem sendo marginalizados e ignorados. Religião que historicamente dava as cartas no Líbano, os cristãos hoje estão enfraquecidos e não têm um presidente (cargo obrigatoriamente destinado aos cristãos). O temor é que os cristão fiquem sem força como já ocorreu com os druzos, que por séculos foram os reis dos montes do Líbano.

Hoje o país é dividido entre anti-Síria e anti-sauditas. Sunitas de um lado e xiitas do outro. Os cristãos divididos ao meio sem saber para onde ir. Uma pena. O Líbano precisa dos cristãos e os cristãos precisam do Líbano. Espero honestamente que Suleiman consiga unir os cristãos e os libaneses como um todo.

Não sei se a presença do USS Cole ajuda. Mas mostra que o mundo está preocupado com o Líbano. Mas, mais importante do que o porta-avião americano, será a pressão dos países árabes de não comparecerem à reunião da Liga Árabe nos próximos dias em Damasco se o Líbano não estiver representado por um presidente.

A Síria precisa tratar o Líbano como a Espanha trata Portugal ou o Brasil trata o Uruguai - um país pequeno, irmão e soberano. Não quero o Líbano inimigo da Síria. Mas quero o Líbano respeitado

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