quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sendo pró-Israel e pró-árabe ao mesmo tempo (GUGA)

Se em relação ao conflito israelo-palestino Obama não se difere dos outros, quando o assunto é Síria e Irã o jovem senador democrata é mais realista e com uma visão que, sem querer, é ao mesmo tempo pró-Israel, pró-EUA e pró-Árabe.

Ele segue o conselho de James Baker - um realista republicano - e defende dialogar tanto com a Síria quanto com o Irã - e, nesse sentido, concordo com ele.

Primeiro, que fique claro que a Síria é um regime ditatorial, que apóia grupos que são considerados terroristas pelos Estados Unidos e provoca instabilidade no vizinho Líbano.

Ao mesmo tempo, a Síria é um dos menos religiosos países do Oriente Médio, é o país que recebeu a maior parte dos refugiados de guerra iraquiano, sem nenhuma ajuda financeira internacional e bancando saúde e educação a quase todos, tem parte de seu território ocupado ilegalmente por Israel, segundo a ONU, e que iniciou lentas, mas perceptíveis reformas econômicas.

Aplicando um pouco de teoria dos jogos, um presidente americano tem duas opções:

1. Manter o isolamento
2. Dialogar

Se o presidente optar pelo 1 (como Bush e como quer McCain), a Síria continuará minando qualquer inaciativa política democrática no Líbano, se aproximará ainda mais do Irã e continuará patrocinando atividades de grupos extremistas fora de seu território. Além disso, Israel continuará com um inimigo na sua fronteira. Isto é, ficará como agora ou, pior, o regime secular de Assad cai e é substituído ou por um outro general ou por radicais islâmicos

Se o presidente optar pelo 2, ele poderá negociar e terá que pedir a Síria:
a) fim da intervenção política no Líbano, respeitando a soberania do país vizinho
b) relações de paz com Israel
c) fim do apoio a grupos extremistas
d) ajuda na estabilização do Iraque
e) democratização

E a Síria vai pedir
a) desocupação das colinas da Golã
b) ajuda financeira
c) ter voz ativa no Líbano
d) ter voz ativa no Iraque
e) criação de um Estado palestino

Ninguém garante o que vai acontecer. Mas o certo é que alguns dos pedidos da Síria são legítimos (a, b). Os outros são negociáveis.

O que os EUA querem também não é difícil, a não ser pelo (a, e). O Líbano, certamente, é o mais complicado, mas o mais importante.

O certo é que, negociando, como quer Obama e qualquer realista sério, os EUA teriam mais chances de estabilizar o Iraque e de levar adiante o processo de paz israelo-palestino. Já a questão líbano-síria é bem mais complicada, mas apenas as negociações podem provacar mais avançoes.

Mas, o mais importante, seria negociar a devolução do Golã nos termos de Camp David (o primeiro, entre Egito e Israel). Os israelenses querem segurança e os sírios querem o território. Pois que Israel desocupe o território e a UNDOF mantenha as suas forças lá, não permitindo que a Síria tenha presença militar na área.

Negociando, como quer Obama, os EUA serão realmente pró-Israel, pois poderão levar a paz com a Síria, e pró-árabe, pois podem estabilizar o Líbano, a Síria e o Iraque

Nenhum comentário: